Livro usado pelo MEC "ensina" aluno a falar errado
Rukongai


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Clamp

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Moderador
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Uma das autoras do livro didático de língua portuguesa Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, adotado pelo Ministério da Educação (MEC) para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), nega que a obra ensine o aluno a usar a norma popular da língua. Nota da coluna Poder Online publicada na manhã desta quinta-feira mostra que o livro ensina aos alunos que é válido usar expressões, como “nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe”.
Para a autora Heloisa Ramos, apesar de ter um capítulo dedicado ao uso da norma popular, o livro não está promovendo o ensino dessa maneira de falar e escrever. “Esse capítulo é mais de introdução do que de ensino. Para que ensinar o que todo mundo já sabe?”.

Segundo Heloisa, que é professora aposentada da rede pública de São Paulo e dá cursos de formação para professores, a proposta da obra é que se aceite dentro da sala de aula todo tipo de linguagem, ao invés de reprimir aqueles que usam a linguagem popular.

“Não queremos ensinar errado, mas deixar claro que cada linguagem é adequada para uma situação. Por exemplo, na hora de estar com os colegas, o estudante fala como prefere, mas quando vai fazer uma apresentação, ele precisa falar com mais formalidade. Só que esse domínio não se dá do dia para a noite, então a escola tem que ter currículo que ensine de forma gradual”, diz.

De acordo com a professora, o livro didático adotado pelo MEC para turmas do Ensino de Jovens e Adultos (EJA) foi elaborado por ela e por outros especialistas em língua portuguesa com base nas experiências que tiveram em sala de aula após décadas de ensino. “Nossa coleção é seria, temos formação sólida e não estamos brincando. Não há irresponsabilidade da nossa parte”, afirma.

Ela acredita que, ao deixar claro que é tolerada todo tipo de linguagem, a escola contribui para a socialização e melhor aprendizado do estudante. “Quem está fora da escola há muito tempo, é quieto, calado e tem medo de falar errado. Então colocamos essa passagem para que ele possa sair da escola com competência ampliada”, diz.

Em nota enviada ao iG, o MEC defendeu o sudo do livro e afirmou que o papel da escola não só o de ensinar a forma culta da língua, mas também o de combater o preconceito contra os alunos que falam linguagem popular.

Apesar de defender que o livro continue sendo adotado, a autora admite que é preciso que o professores entendam a proposta para não desvirtuar o que ele propõe. O material vai acompanhado de um livro guia ao professor e os parâmetros curriculares do MEC explicam a abordagem variada da língua, mas como os livros são distribuídos para escolas de todo o país, é difícil ter esse controle.

Linguagem popular divide especialistas

A doutora em linguística e professora da Universidade de Brasília (UnB), Viviane Ramalho, vai além da opinião da autora do livro e defende que a linguagem popular seja ensinada abertamente nas escolas. “O ideal seria aprender todas as possibilidades diferentes até mesmo para respeitar o interlocutor que usa outra variedade linguística”, diz.

Para ela, essa seria uma forma da escola se aproximar da realidade dos estudantes. “Há uma exigência da própria sociedade de que o individuo saiba usar a as diversas variedades da língua”.

A linguista Juliana Dias acredita que a escola deva ensinar exclusivamente a norma culta e usar a linguagem popular apenas como exemplo durante as explicações. “O popular não cabe para o ensino. Cabe somente para reflexão, discussão, e até para o combate ao preconceito com as formas mais simples de se falar”.

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Uma coisa é a linguistica, valida a qualquer pesquisador que queira entender a forma como muitos brasileiros falam.

Agora defender na escola que o aluno fale errado ou da forma que preferir. Que merda!.
Nosso ensino é uma bela porcaria e agora eles preferem aceitar a merda feita que tentar resolver melhorando a condição de quem ensina.

Jack Van Burace

Jack Van Burace
Superchuncky de posts
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Você está defendendo uma educação redentora, q passa por cima dos conhecimentos prévios dos alunos. Eu concordo com o livro, até porque, só quem dá aula pra EJA sabe o q é aquilo...

... eu por exemplo, tenho q falar de criacionismo nas aulas de evolução pra explicar pq a ciência não o aceita.

Clamp

Clamp
Moderador
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nois vai faze é conhecimento onde jack?

TOH

TOH
Ragnarok

Às vezes não sei se o Jack quer ser simplesmente polêmico ou se às vezes ele não se dá conta do que posta. Você fala sério quando defende uma coisa tosca como essa? E com o argumento que a pessoa que fala assim sofre preconceito linguistico? E o que falar de creacionismo tem a ver com isso? Livro usado pelo MEC "ensina" aluno a falar errado 8698

Cain, the first Arrancar

Cain, the first Arrancar
Fracción
Fracción

Acho que o Jack usou o exemplo do criacionismo porque tipo...
Se a galera foi criada ouvindo que a teoria criacionista é verdade, de repente chega alguém dizendo que tá tudo errado eles vão achar que aquela pessoa é louca e tá falando merda.
Do mesmo jeito é a linguagem, se alguém foi ensinado a falar "Nós pega o peixe" e todomundo em volta dele sempre falou do mesmo jeito e entendeu do mesmo jeito então ele pensa "Então falar Nós Pegamos é besteira, todomundo entende de qualquer forma..." isso vai contra a criação das pessoas.
É praticamente o mesmo que os padres católicos fizeram com os índios daqui, tentar impor uma "outra verdade convencionada". Até porque hoje a teoria evolucionista é provada e aceita em todo o mundo, mas quem garante que daqui a umas décadas não surja outra que tape os buracos e seja ainda mais aceita e melhor provada?
Mas uma coisa é na ciência, outra coisa é na escrita, desde o início a escrita foi formada por convenções que devem ser aceitas, não faz sentido sair aceitando termos xulos, tomara que isso aí não passe da introdução mesmo e que eles deixem bem claro que só se é permitido falar assim se você tiver plena consciência que tá falando errado.

E outra, usar a realidade da galera como desculpa pra ensinar errado é o pior, tá literalmente separando as classes sociais, quer dizer então que quem teve estudo tem que falar "Nós vimos" e quem não teve tem que falar "Nós vê"?!?!
O Brasil só sabe fugir de problemas =/

6Livro usado pelo MEC "ensina" aluno a falar errado Empty Bem... 15/5/2011, 5:08 pm

Black Mask

Black Mask
Nível de Quinta Espada
Nível de Quinta Espada

Acho que um dos maiores problemas do Brasil é o conformismo, o Chile e a Argentina sempre sonharam em ser potências um dia e investiram pesado em educação rígida, nisso você nunca vai encontrar um hermano de escolaridade falando errado.

O Brasil é a merda que é hojê porque nunca sonhou em ser alguma coisa, todo maldito governante se preocupa mais com as próximas eleições do que com o futuro do país, todos infectados por uma mentalidade imediatista degenerada a qual ignora a realidade da nação e apazigua o irregular em troca de votos ou influência.

Os governantes do país vivem no mundo do faz de conta onde tudo é de luxo, não há crime e os únicos numeros que interessam são os de suas contas bancárias, o crescimento do PIB e a popularidade nas pesquisas. Para eles o analfabetismo funcional é uma fabula inventada por uma minoria concervadora que tem preconceito das classes sem acesso a ensino particular, a falta de qualidade do ensino público existe porque não investem o suficiente no setor. Claro que não são eles os responsáveis por essa decisão.

Falta alguém de visão, alguém que esteja acima das cismas dentro e fora dos partidos, alguém que pense: "Como eu vou fazer para ser uma potência mundial nas próximas décadas".

O modelo de inclusão social no ensino é uma piada, a escola não existe para recolher jovens da rua e faze-los serem aceitos, ela existe para tornar esses jovens aceitáveis a um padrão de conhecimento e conduta mundial que compete acirradamente no mercado de trabalho.

Para acabar com a evasão o governo eliminou a funcionalidade do ensino, retirar o homem do seu estado natural de ignorância e torná-lo um membro produtivo da sociedade moderna, eu acho que colocar alguém na escola para formá-lo em inaptidão crônica é uma perda de tempo e dinheiro.

Nunca na história deste país o governo investiu tanto em educação, mas a média mundial do Brasil progrediu míseros 23 pontos nos anos entre o início e o fim do governo Lula, continuamos entre as 15 piores notas da OCDE.

Sabe qual é a razão disso? Um sistema estupido e ineficaz voltado para tornar a juventude mera marca estatística nas campanhas políticas!

Por que as comunidades carentes em áreas de risco não recebem instruções nas escolas de como se proteger de desmoronamentos? Por que uma necessidade muito mais crítica como essa não ganha prioridade nas salas de ensino público frente a tentativa ridícula de valorizar a burrice do senso comum?

Porque isso não da votos! Como já foi dito por um comentarista de rádio legendário cujo nome eu não me recordo "Da muito mais ibope um candidato sobrevoar uma tragédia do que investir na prevenção dela!".

Se o povo fosse educado para perceber os problemas que o cercam ele passaria a exigir medidas concretas dos governantes, estes, com medo de não serem capazes de atender as exigências e manter seus erros longe da visão pública preferem criar polêmicas inúteis e debater questões secundárias enquanto a mídia sensacionalista faz o favor de bombardear a população com esse lixo sem importância racional alguma ao cidadão consciente.

Se toda escola pública ensina-se as crianças como se prevenir de uma tragédia de desabamento elas perceberiam que os lugares onde seus pais vivem não é seguro e que precisam de meios para se proteger e escapar antes de que os desmoronamentos ocorram.

Obviamente alguns teriam de ser realocados, mas se a população estiver ciênte das suas condições poderia aceitar melhor essa opção, como não está age pela estupídez do sense comum de que remove-los da terra é obra de algum rico malvado e os governistas desistem de qualquer ação porque temem que a oposição denûncie a mensagem errada e faça os pobres sem estudo votarem contra a legenda presente. Isso sem falar nos controles locais do narcotráfico e das milícias no estilo tropa de elite que não querem uma população ativa que lute por seus direitos.

Para o Brasil ir para frente temos de arcar com uma série de medidas de longo prazo não necessariamente bem vistas pela população.

Na educação particularmente precisamos do ensino em período integral, da adoção de um material didático pesado e exigente, da separação de turmas por rankeamento e disciplina. do retorno a reprovação e repetição de ano e acima de tudo de um programa nacional de treinamento de professores para os níveis fundamental e médio.

Os alunos que não conseguirem acompanhar o método e sua plenitude devem ser encaminhados para o ensino especializado no atendimento as suas necessidades especiais, se necessário sobre subsídio do governo.

Existe o risco do aumento na taxa de suicídios e do abandono da escola por aqueles que não querem estudar, mas se esse foi o preço pago pelo Japão e pela Coreia do Sul para atingir a plenitude mental da população e o progresso então vale a pena o sacrifício.

Arke

Arke
O mais perdido do fórum...
O mais perdido do fórum...

Olha só for analisar o método de ensino eu não acho ruim não. Como o Cain falou, apresentar um tema extremamente novo pro aluno (supondo alunos que se expressão livremente) sem trabalhar com uma base pode ser muito complicado. Começando com o jeito errado e ir trabalhando (ensinar os conceitos e outros) de forma progressiva para chegar no jeito certo, pode muito bem facilitar o entendimento do aluno e a fixação da matéria.

Numa situação hipotética perfeita o método parece ser muito bom, mas como não vivemos num mundo perfeito e como o método é apresentado e trabalhado não é perfeito, ai é outro ramo de discussão.

TOH

TOH
Ragnarok

Vocês definitivamente não leram o trecho do livro que o Clamp postou. Não é essa a proposta da autora.

Menos Grande

Menos Grande
Shinigami dos Bolinhos
Shinigami dos Bolinhos

Posts gigantescos ç.ç...
Bem é o novo paradigma das letras aceitar toda e qualquer forma de comunicação.. Afinal literatura não é uma ciência, e suas regras são arbritárias para o que alguém "achou mais bonito", afinal não existe motivo lógico para não existir por exemplo "Eu coloro", simplesmente alguém achou que já existia "Eu pinto" o e o "pinto" mais bonito que "coloro" Livro usado pelo MEC "ensina" aluno a falar errado 97114 .
De qualquer forma até entendo a posição da autora e das pessoas que cursam letras discutir isso, afinal quando alguém estuda alguma coisa não pode dizer que essa coisa "está errada em fazer isso", afinal eu não diria "que o peixe está errado em ir pra X lugar, por que minha pesquisa indica que ele deveria ir pra Y" tenho que adequar meus estudos ao meu objeto de estudo, e não ao contrário.

Porém, temos que ver que na escola essa discussão não deveria existir! Se a escola prima por ensinar uma lingua única para todas as pessoas de um País, por mais que surjam novas palavras pelo menos a semântica deve se manter inalterada, por que se você permite mudanças na lingua, e começa a validar qualquer coisa, os professores não tem mais o que testar em provas, e a própria matéria de Português perde sua validade.. sem falar que se levarmos esse exemplo ao absurdo, perderiamos a coesão do português criando várias sub-linguas, fato que não é do interesse de ninguém. Então a escola deve sim forçar uma lingua única para as crianças, por que de outro modo elas não aprenderiam a se comunicar com todos, desvios da norma única concerteza acontecerão, porém serão pontuais e pessoais.

10Livro usado pelo MEC "ensina" aluno a falar errado Empty Bem... 15/5/2011, 9:17 pm

Black Mask

Black Mask
Nível de Quinta Espada
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O único lugar da linguagem "popular" na sala de aula é como exemplo do que deve ser corrigido e superado, o importante é faze-lo sem expor o aluno e só isso.

Como eu tinha dito muitos idealistas sonhadores inventam de por a felicidade humana acima dos problemas reais e os politicos preferem escutar a fantasia ao invés de exigir as mudanças das quais o sistema educacional realmente necessita.

Não existe Português popular, existe o Português errado falado por aqueles que não tiveram estudo.

A única flexão aceitável é mudança de dicção e de dialeto regional, se os paulistas falam de um jeito e baianos de outro não podemos discriminar nenhum dos dois.

Flexionar a Língua Portuguesa por causa de diferenças socioeconomicas seria como cristalizar a discriminação social na própria língua que o país inteiro fala, o certo é dar a oportunidade de ensino e incentivar que todo brasileiro fale o Português de maneira correta e não fazer cafuné naqueles que falam errado porque nasceram em condições sociais diferentes.

Ora que o pai de alguem é caminhoneiro com pouco estudo, fala errado e põe o filho na escola para aprender o certo e o filho volta falando errado igual o pai o que ele vai pensar que estão ensinando na escola?

Educação não foi feita para ser prazeirosa, os psicólogos, pedagogos e sociólogos que afirmam isso são um bando de frouxos que se sentiram oprimidos nas aulas de matemática, a educação foi feita para tornar mentes ociosas em forças capazes de raciocinar soluções para os problemas que assolam o dia a dia da humanidade.

Ela tem que desafiar o aluno a progredir e expor a suas dificuldades, o papel do professor é garantir que o conhecimento seja aproveitado e as dificuldades do aluno sejam superadas com todo apoio especializado possível.

Jack Van Burace

Jack Van Burace
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Bom, eu insisto que vcs não têm noção do que é o EJA. Sem um capítulo desses pra ensinar que o que eles conhecem existe e aceitar a realidade deles como ponto de partida, o povo simplesmente se fecha e nem estuda.

Discordo de quem acha que é simplesmente passar por cima dos alunos com o poder da oficialidade. Tentativas assim acabam sem conseguir antenção nenhuma.

Acho q só vão entender o q eu digo qdo derem aula pra adultos (EJA = Ensino de Jovens e Adultos, acima de 18 anos). Aquilo lá é outro planeta, quiçá outra dimensão... Livro usado pelo MEC "ensina" aluno a falar errado 97114

Clamp

Clamp
Moderador
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sinto dizer jack mas a licenciatura de sociais tem estagio no EJA.

Sei sim a realidade. É vc q parece ser ingenuo e não consegue ver o q está por tras desses livros.

Eles sofrem sim muito pela pessiam formação e realidade q vivem. Agora vc vai passar a mão na cabeça deles e dizer q tudo esta bem. Q a forma como se expressam é devido a fatores externos?

Isso é querer resolver o problema inventando uma realidade q não existe

Jack Van Burace

Jack Van Burace
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Bom, é diferente fazer estágio e trabalhar com isso. Posso dizer pq já passei pelo que vc está passando. Muitos EJAs fecham pq os alunos debandam. Alunos que nunca fizeram após a 2ª série, e que já trabalham, alguns ganhando mais que vc. E o pior é que têm um ego de cristal por saberem que são ignorantes, mesmo tendo mais "sucesso" que o próprio professor.

A realidade deles com a educação é totalmente de cabeça pra baixo. Muitos alunos desistem no meio do curso só por serem incapazes de aprender depois de velhos algo diferente do que viram a vida inteira. Imagina a mágoa de dizer pra gente humilde e capaz (em conhecimentos não-formais ao menos) que ELES estão errados e que VC é que é o certo.

Pra alguém com conhecimento acadêmico chega a ser uma ofensa o que diz esse livro, mas pra (maioria das) pessoas que vão ao EJA é muito duro ser chamado de errado por moleques (sim, eles são mais velhos que quase todos os professores).

Não é que você esteja errado, Clamp, os alunos novos (18-19 anos) do EJA pensam como você e já ouvi reclamações desse tipo. Mas pessoas experientes e mais velhas vivem num mundo que você nunca viveu (e como estudou, nem viverá). É o oposto da nossa realidade de alta escolaridade e pouca inserção no mercado. A cabeça deles é a de ETs.


EDIT: Aliás, deixa eu adicionar que a maioria dos acadêmicos e secretarias de educação desconhecem por completo o que é EJA. Me pediram um plano de curso pra 4 bimestres, por exemplo. rs

Basta tentar aplicar Paulo Freire (fez seus trabalhos com o EJA) num 7º ano normal que você vai ver que estamos falando de um universo paralelo. Não se trabalha da mesma forma MESMO!

Clamp

Clamp
Moderador
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a questão não é chamar quem frequenta o EJA de burros... é tentar implantar um método que os ajude a competir na hora de ir pra algum emprego.

É preciso explicar que a forma como eles falam pode ser sim aceita, mas nos grupos. Mas quando eles forem ao mercado de trabalho, eles devem usar uma linguagem mais formal.

Minha critica é com esse livro. Pq ele não ajuda quem precisa, ele passa a mão na cabeça apenas. Pq quando ele sair do EJA, falando de forma "errada" não vai conseguir nada.

Rodz

Rodz
Nível de Sexta Espada
Nível de Sexta Espada

Galera sou professor da EJA há dois anos e entendo perfeitamente o que o Jack disse, realmente eu não posso simplesmente aplicar a norma culta com alunos que há 60 anos dizem "nóis foi", lá eu tenho alunos com até 75 anos de idade e você acha que eles querem entrar no mercado de trabalho? A grande maioria de estudantes da Eja querem mais é uma realização pessoal. Acredito também que a análise do livro está parcial e incompleta, creio que ele parta da linguagem comum dos alunos para poder desenvolver a norma culta.
Jack citou com propriedade Paulo Freire que é considerado um dos maiores cientista da educação do mundo, ele afirmava que "nois vai" é tão belo e correto quanto "nós fomos" (ele nunca foi muito reconhecido no Brasil)
A realidade da EJA é árida e complexa, é um dos meus maiores desafios como professor, dar aulas para pessoas com 40 anos de diferença de idade que já controlam suas vidas e são chefes de família terem que ouvir de um moleque, como eu, que estão errados não é fácil.
A linguagem popular tem seu lugar é bela e precisa ser valorizada, linguistas e acadêmicos que me perdoem mas falar errado e escrever errado pode ser considerado "serto" para fodões como José Saramago (ahhh é liberdade poética), porém para o zé da esquina é ignorância? O importante é se comunicar!

Jack Van Burace

Jack Van Burace
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Grande Rodz! É sempre bom ver que há mais pessoas desbravando esse mundo louco da educação. rs

Clamp, veja o que você mesmo escreveu e verá que não sabe a missa metade do que é um EJA. Estudantes de EJA não querem emprego, e muitas vezes não querem faculdade tampouco. Acabam fazendo faculdade por se encantar com os estudos, mas não se engane, que em relação ao mercado e à inclusão social eles estão melhores que nós. Qual a realidade que você considera oficial: a de 2% da população ou a dos outros 98%?

Nós somos os "senhores" da sociedade formal, não da sociedade por inteiro (aliás, bem longe disso). O mercado vai tão além do ensino formal quanto existem bandas de axé, Marrone que não completou 5ª série, ou Lulas presidentes. Você pode achar que está ajudando, mas no fundo nem descobriu ainda qual o propósito da educação que defende. Não é teoria conspiratória, apenas ignorância de nós letrados sobre o Brasil com o qual vamos lidar.

Clamp

Clamp
Moderador
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Então pq a grande maioria da população brasileira é analfabeta esta tudo certo?

pegue qualquer indice economico... essa grande maioria é pobre, pra não dizer miseráveis.

Pq vc fez faculdade Jack? Ou só fez pq vc faz parte do grupo q teve sorte de ter acesso a uma faculdade? Fez por culpa?

É obrigação de quem conseguiu algo a mais ajudar.

O pensamento de vcs so contribui pra esse discurso q está tudo bem em o Brasil ter os numeros q tem.

Paulo Freire chegou onde chegou dizendo nois vai por acaso?
É facil vc atingir o topo e depois criticar tudo q conseguiu.

Quando esse tipo de livro chegar pra crianças vamos ver o q vai acontecer

E diga ignorancia de sua parte jack. Passei 4 anos estudando pq o nosso pais esta na merda q esta. E isso é algo q me incomoda muito. E não posso aceitar um livro do MEC q colabora com um tipo de pensamento como esse

Jack Van Burace

Jack Van Burace
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O livro não critica quem estuda, apenas faz o certo, que é entender as outras realidades para muda-las, ao invés de querer apenas passar por cima. As pessoas não são tábulas rasas...

Clamp

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ele não tenta entender outra realidade pra mudar. Ele coloca q essa realidade é algo normal, como se falar errado fosse um sotaque.

É o governo tirar toda a culpa pela falta de competencia em não fornecer melhor condição pras pessoas. É essa minha critica com esse livro.

Vou dar um exemplo absurdo... digamos q uma doença X mate uma pessoa, mas essa pessoa poderia ser salva se fosse bem atendida pelo SUS. E o disrcuso q é colocado é q a pessoa morreu pq onde ela mora existe 90% de chances dela ter essa doença.

Jack Van Burace

Jack Van Burace
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Você está interpretando errado.

Veja bem o exemplo do criacionismo: é errado defender o criacionismo na ciência. Porém, é direito de cada um acreditar no que quer, e é certo defender a liberdade de crença, até mesmo no criacionismo.

O comum é que pessoas vejam isso como um conflito entre ciência e religião (assim como vêem um conflito entre regionalismos e norma culta). Porém, as duas coisas estão certas: ciência é uma coisa e religião é outra. É preciso esclarecer o contexto adequado de cada coisa, reafirmando que também é certo acreditar no criacionismo, já que se trata de um assunto ao qual a ciência não tem nada a dizer respeito, o espiritual. E que no dia-a-dia em sociedade é preciso adotar preferencialmente o discurso científico, pela sua confiabilidade e efetividade.

Se adotasse um discurso anti-criacionista apenas, os alunos me tomaríam como alguém que não entende o que eles pensam e que por isso sigo "aquele monte de coisas inúteis e erradas". O discurso acadêmico parece um monte de "frescuras" ao povo em geral, incluíndo a norma culta da língua portuguêsa. É preciso explicar o contexto de cada coisa pra que o povo entenda a necessidade de aprender algo novo, situando o que eles usam no dia-a-dia e mostrando suas limitações (depois de mostrar os pontos positivos também).

Dessa vez vc está procurando cabelo em casca de ovo. Mesmo que fosse estratégia do governo pra "tapar buracos", você já viu que está embasada em fatos reais e validada por dois conhecidos seus que se especializaram e trabalham nessa área a mais de 2 anos. Por mais que alivie pro lado do governo, na verdade é o certo a ser feito.

TOH

TOH
Ragnarok


Extraído texto colocado no primeiro post:

"Você pode estar se perguntando: `Mas eu posso falar 'os livro'?. Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico. Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para a norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas".

1) Em nenhum momento é citada a forma errada como um gancho para falar da norma culta. Simplesmente a forma errada é citada como uma variação que pode ser usada desde que o aluno saiba que sofrerá "preconceito". Então a autora julga correto "Nós pega o peixe" só avisa que outras pessoas (esses loucos preconceituosos...) vão apontar isso como errado. Por favor, não usem mais esse argumento "cavalo de tróia" porque ele simplesmente não existe nesse caso.

2) Não interessa se o cara faz supletivo, segundo, primeiro grau, que raios seja. Isso é uma clara apologia ao uso errado da língua. Se a pessoa usa isso está errado e pronto. Não adianta justificar "Ah, mas essa é a realidade da pessoa...". Se é assim tenho que aceitar um cara acreditando que manga com leite mata.

3) Esse exemplo do criacionismo foi bastante infeliz na minha opinião. Ciência e religião são duas coisas diferentes mas lingua portuguesa é uma só e que é regida por normas. Religião não é regida por normas (apenas as próprias de cada religião e mesmo essas não são seguidas por todos os fiéis). O criacionismo é uma vertente de pensamento que se colocada a luz da ciência não se sustenta, entretanto no âmbito pessoal (que a religião permite pois crença é uma coisa pessoal) ela pode ser aceita pois é "a verdade daquela pessoa" mas a lingua portuguesa não é assim. Eu não escolho uma vertente do português. Senão seria o caos absoluto. Sabem porque o espanhol é tão unificado no mundo? Porque sempre houve uma preocupação da comunidade hispano-hablante em manter uma base única, seguida por (advinhem?) normas de escrita e fala!

Jack Van Burace

Jack Van Burace
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Bom TOH, eu acho que o certo seria alguém de letras falar sobre isso, mas como estamos todos no mesmo pé (nenhum de nós é), vou dar minha opinião.

A língua portuguesa acompanha a linguagem do povo. Esse é o motivo de tantas mudanças ortográficas e de normas gramaticais ao longo do tempo. Ela se aperfeiçoa com o que o povo fala, incorporando novos significados e palavras, embora esse processo seja lento. Gosto disso, até porque seria horrível falarmos como no século 16 até hoje, num linguajar defasado e deficiente pras necessidades modernas (como 'pra', ou 'você', por exemplo, que era 'vossa mercê').

Assim sendo, ela é uma área não-exata do conhecimento, e não pode dizer o que é 'certo' ou 'errado'. Só é errado agora, mas pode ser que no futuro se encontre uma forma de falar na qual os livro seja o oficial (afinal, o 's' do 'os' já designa plural, seria até mais prático não ter que pôr 's' em todas as palavras quando o sentido já está dado). Não estou dizendo que quero isso, apenas dando um exemplo. O desenvolvimento da língua depende dessa liberdade de linguagem, que a modifica com o tempo, embora eu não tenha bibliografia pra citar sobre isso (mas sei que já lí).

23Livro usado pelo MEC "ensina" aluno a falar errado Empty Bem... 17/5/2011, 10:10 am

Black Mask

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Nível de Quinta Espada
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Jack, eu entendo que dar aula para pessoas de idade mais avançada deve ser um pé no saco, mas se o cara tá fazendo o ensino para se realizar então por que cargas d'água ele precisa ser reconhecido pela sua falta de conhecimento?

Eu vou pela lógica, realizações são desafios conquistados, se você vai a um curso só para alguém te dar parabéns, dizer que a ignorância não é sua culpa e que é aceitavel continuar agindo pelos padrões de ignorância de onde você veio então acho que tudo isso é uma total perda de tempo.

Se as pessoas apenas querem um diploma bunitinho para mostrar para patroa em casa seria mais prático e barato o governo vender certificados ao invés de pagar infraestrutura e professores para gastar com pessoas que não querem se esforçar para aprender.

Desculpe, mas amor e carinho são coisas do jardim de infância, as pessoas de idade no mínimo deveriam ter respeito e dedicação às metas que impõem sobre sí mesmas.

Se alguém não tem maturidade e dedicação para estudar aos 50 anos então é melhor deixar isso para próxima encarnação, essa história de que o desfavorável socialmente tem vergonha de se expor e aprender é uma balela de discriminação arraigada na cultura brasileira.

O professor tem o papel de incentivar o estudo, cabe a sua competência restringir comportamentos predatórios de preconceito dentro e fora da aula bem como passar o conteúdo de maneira clara e absorvível para os estudantes.

Não é o papel do material escolar aceitar as incongruências na realidade do estudante, até porque quando ele for estudar sozinho em casa vai precisar dos exemplos mais tecnicamente corretos possível para se orientar sem a ajuda do educador.

A educação não foi feita para se curvar a realidade do povo, foi feita para alterar essa realidade para um padrão de vida superior que diminui as desigualdades e aumenta a competitividade da nação no mercado internacional e nas pesquisas científicas.

Essa história de dar razão a maioria é a maior balela da democracia populista pós-moderna, o povo não tem condições intelectuais para reconhecer suas necessidades e eleger seus representantes de maneira consciente para atendê-las. O governo, ao invés de tentar oferecer meios para que o povo atenha essa capacidade, prefere institucionalizar as irregularidades para manter o apoio da ignorância do senso comum ao invés de combatela.

Foi o que eu disse sobre o paradoxo das enchentes, ninguém quer educar e orientar o povo para sua proteção porque temem que se ele souber a causa de seus problemas vai cobrar as soluções que o governo não se dispõe a oferecer.

Mesmo problema dos sertões nordestinos, existem incontáveis pesquisas apontando a sustentabilidade da região através de técnicas agricolas modernas e a união das bacias Tocantins-Araguaia com a do São Francisco acabariam com a escassez de água. Contudo os sertanejos pobres continuam culpando o clima e a falta de sorte divina pelo fracasso de suas colheitas, enquanto isso os coronéis que arrendam suas terras ameaçam e matam todas as ONGs que se atrevem a tentar trazer informações de como superar as adversidades do clima sertanejo.

Não adianta abaixar os padrões para incluir mais pessoas no ensino quando os chineses, japoneses, coreanos, finlandeses, alemães e etc estão aumentando o nível de sua educação para competir por posições de liderança nas diversas áreas de conhecimento que movem a humanidade nos tempos modernos.

Jack Van Burace

Jack Van Burace
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BM, acho que o que ocorre é que a educação está em contato com muita gente, mas as tecnologias da educação não. Todo mundo acha que sabe o que fala sobre educação (até os ignorantes acham que sabem) porque já conviveram com isso, porque acham que é só "passar conhecimento" que por acaso todo mundo que já estudou aquela série tem que ter.

Seguindo essa linha de raciocínio qualquer pessoa com nível superior estaría apta a dar aulas de segundo e primeiro graus, o que não é verdade. As disciplinas de educação são matérias muito diferentes do senso comum, e teria que ir muito longe pra explicar a você o porque de estar equivocado. Mas entenda que educação não é passar por cima do que o povo pensa com algo melhor.

Para ouvidos leigos isso soa como permissividade e demagogia, mas não é. Existe o conhecimento formal e o informal, e o supostamente melhor (o formal, que é o nosso) não pode nem deve anular aquilo que a cultura é capaz de gerar. Novamente, não é permissividade ou demagogia, mas um aprendizado que vem de muitas experiências equivocadas.


Pra dar um exemplo concreto, os nativos da América faziam plantio de leguminosas juntamente com outras plantas, de modo a adubar o solo de maneira natural, com o próprio plantio (leguminosas possuem bactérias nas raízes que fixam o nitrogênio no solo). Com a chegada dos espanhóis, estes impuseram sua monoculturas aos povos nativos porque era a tecnologia que conhecíam, e julgavam que como eram mais fortes, seu conhecimento estava à frente daquela bobagem. Mas hoje (só hoje em dia!) a Embrapa está pesquisando esse tipo de cultivo e tentando implantar no Brasil, já que é muito mais eficiente e barato que a monocultura. Tanto conhecimento desperdiçado por soberba!


Resumindo, o conhecimento não é uma fonte de acesso restrito que fica dentro das universidades, mas algo que é construido por todo mundo, e precisa ser respeitado, mesmo quando não é formal (aquele que se aprende nas escolas e universidades). Também não estou falando de terapias alternativas e charlatanismo, mas de conhecimento alternativo que é gerado a toda hora em toda parte (e de todas as naturezas).

Clamp

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Moderador
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jack vc esta colocando a linguagem informal/errada no mesmo grupo dos conhecimentos populares.

São coisas diferentes. Realmente não somos letrados, mas se parar pra pensar historicamente, essa linguagem popular/errada surge por diversos fatores socio-economicos, aliados a uma puta falta de uma instituição que pudesse dar o apoio necessario pra nossa população.

Quero dizer com isso que se hoje existe um idioma mais popular/errado é porque as condições materias (não externas) favoreceram a isso. Quantos são os homens com mais de 50, 60 anos que sofrem por não ter tido educação?

E entendo quando vc coloca que os alunos q vc trabalha não são insturmentos onde se possa jogar teoria em cima de teoria. Mas o q precisa ser feito é explicar a esses alunos que no Brasil existe a linguagem culta e a linguagem popular por falta de capacidade institucional, não pq o grupo a qual eles pertencem falam dessa maneira e portanto eles tbem falam. Se eles querem ou nao aprender, ai é de cada um, mas não podemos engolir esse projeto do MEC.

Se daqui 5 anos esse tipo de material chegar para alunos do 1-5 série. Como faremos?


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