A polêmica da educação no Brasil
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Jack Van Burace

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Superchuncky de posts
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Trazendo pra cá de forma a não desperdiçar os argumentos das pessoas no Shoutbox.

Falando sobre renda dos mangakás, alguns deles precisam fazer por onde pra merecerem o salário que ganham, e cometendo algumas injustiças, o ensino universitário brasileiro também anda por aí.

Sei que a educação pública tem sido sucateada, e posto isso em tópico justamente pra permitir que respondam o que eu vier a dizer, mas o ensino universitário hoje em dia é completamente desconectado da realidade do mercado de trabalho. Conheço inúmeros profissionais que consideram que não tiveram a formação que era necessária na faculdade e precisaram de outros cursos e experiência própria para serem bem sucedidos (isso quando não há o velho Q.I., né?).

Como professor eu mesmo, posso afirmar que boa parte das aulas que assistí na faculdade foram bem fáceis de serem preparadas: apresentação de slides que se repetem todo período e em vários cursos, sobre o único assunto que aquela pessoa é cobrada de saber. E pra uma platéia seleta de gente que se comporta e que quer aprender. Piece of cake. (já preparei aulas pra orientadores meus tb, tá gente)

Professores universitários ganham um inicial de 6000 reais, que pode subir com mestrado e doutorado em porcentagem. Sua dedicação é de 40 horas semanais, sendo 30% do tempo (+ de 10 horas)para o preparo das aulas, sua única obrigação real. Podem cumprir ao todo 10 horas destas 40 em sala de aula, e o resto usarem como quisérem.

A título de comparação, um professor do estado ganha (com dois empregos) 1340 reais. Pode aumentar 200 reais caso tenha mestrado e 400 se tiver doutorado (total de 600 reais).

A dedicação é de 36 horas (com os dois empregos, e passa de 40 fácil com extra-classe) sendo 8 para o preparo de aulas, e 24 em sala, que precisam ser: interessantes, levar em conta a realidade do aluno, ensinar valores sociais, prevenir contra as drogas, prevenir contra a violência, identificar alunos especiais, prevenir contra a gravidez e DSTs na adolescência E ATINGIR AS METAS DE DESEMPENHO DO IDEB! Os alunos são os mais variados possíveis e estão na escola por obrigação, depois de apanharem do pai bêbado porque se faltassem perderíam o bolsa família.

O tempo que um professor universitário usa como quer serve na maioria dos casos para o desenvolvimento de pesquisas, sem as quais nosso país estaría na idade da pedra Honduras. Porém, servem para aumentar em muito o salário dos professores caso o façam. E pasmem, muitas vezes é só pra isso.

A bem da verdade muitas pesquisas são completamente inúteis. Como repetir um experimento já conhecido com uma população de um local diferente. Será que vamos testar com todas as populações pra ver o que dá?? Mas científicamente conta, e é publicável. Ou então testar um corante em células de escorpião só pq nunca fizeram antes. A meu ver, sem problemas se tivesse alguma justificativa pra tentativa que não fosse o "ainda não fizeram", como se algo feito antes desse a entender que havería alí uma possibilidade interessante. Mas também conta pra publicação.



Não estou aqui pra dizer que todo pesquisador é inútil. Eu sei bem que assim como existem professores que sentam na carteira e dispensam os alunos, ou abrem o jornal e esperam o sinal bater, existem também os pesquisadores bons e os ruins. Sempre existem os bons e os ruins. O que tenho que ir contra é a discrepância de condições.

Pelo menos no Rio de Janeiro o argumento de que seria muito oneroso pagar bem tantos professores quanto os do ensino básico não cola. Existem verbas suficientes para pagar até o mesmo valor, só no superávit (dinheiro sem destino).

O argumento da dedicação também não me convence nem um pouco, pois já corrigí artigos pra publicação no exterior, e já preparei aulas. Tenho um mínimo de 200 alunos por semestre (no EJA esse número varia por semestre), e um catatau de coisas pra corrigir em casa que varam as 40 horas de trabalho semanais facilmente.

E se fôr pelos títulos menos ainda: já tirei notas maiores que a maioria dos doutores em concursos na área, perdendo apenas por causa dos títulos, além de achar pessoalmente que a experiência de trabalho valeu muito mais que as teorias lidas em artigos. Pelo menos na educação e na engenharía são assim, como me contam os engenheiros bem sucedidos que conheço por conta do meu pai, tb engenheiro e bem sucedido.

Óbviamente criticar é fácil, e não vou dizer que o ensino universitário é uma droga. Assim como o "especialista em educação do jornal nacional" (sic), doutorando que visitou salas de aula pra dizer o que tinha de errado que podia ser melhorado, eu posso dar uma palhinha do que tem a melhorar com os colegas tb. A polêmica da educação no Brasil 613650

E além disso, é claro, chamar a atenção da questão que não quer calar: porque afinal a discrepância de valorização?

Juliette's Logic

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Nível de Octava Espada
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Ok, vou me expressar aqui. Eu já disse que concordo e discordo com algumas coisas que o Jack colocou no shout, mas nesse post em geral eu tô concordando com o que ele diz.

Onde você viu o inicial de 6000 reais? o.o Mamãe recebe beeeem menos que isso, e ela é mestra. Você está dando um dado que não se confirma em todas as públicas do Brasil. Existem universidades públicas em que o professor recebe um salário de apenas três digitos.

Professores, em geral, recebem um salário muito abaixo do esforço que eles dedicam à profissão. Falo isso com uma mãe que é professora universitária da UFMA, mas que já foi professora de universidade particular. O que ela me reclama é a exigência do governo com números ao invés de qualidade. Os professores têm que dispensar uma quantidade enorme de tempo com vários projetos "meia-boca" e incompletos ao invés de se dedicarem a um só projeto, mas que preencha todos os requisitos necessários para valer a verba e o tempo nele gastos.

O tripé pesquia-ensino-extensão das faculdades hoje está meio fragilizado. Vemos ensino, temos alguma pesquisa, mas não se vê muita extensão.

Jack Van Burace

Jack Van Burace
Superchuncky de posts
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A remuneração das federais é igual pra todo o Brasil, sua mãe não deve ser professora Adjunta, que é cargo estatutário.

[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link] target="_blank" rel="nofollow">http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:DUiV3XdGfYYJ:www.estatisticos.org/concurso-professor-adjunto-assistent-ufsc/+remunera%C3%A7%C3%A3o+adjunto+1&cd=2&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&client=firefox-a&source=www.google.com.br

Regentes que ganham menos de 4 dígitos não devem ser estatutários, embora possam ser concursados. Existem professores no Estado do Rio assim tb (não estatutários), que ganham 1 mínimo. Mas isso não é o regular.

EDIT: Assistente 1 é um cargo novo, acho que foi criado depois que saí da faculdade, e por isso não diz respeito aos professores que eu citei. Aliás, os professores com os quais tive aula devem ganhar bem mais que os Adjuntos 1!

Clamp

Clamp
Moderador
Moderador

não posso ler agora... mas adianto q a questão não é se o professor na universidade ganha mais q os outros. É o contrário. o professor em geral ganha pouco.

De fato o pesquisador (seja de qualidade ou não) movimenta a grana q entra nas universidades. Meu amigo q está no doutorado da UFRJ de Eng Quimica ganha horrores por estar pesquisando junco com seu orientador membranas. Isso é inevitável, a pesquisa é o q faz tudo desenvolver. Eu não tendo interesse algum, sai com um PIC e 3 artigos. Fora os professores oferecendo PIBIC e afins pra pegar mais bolsas.

Aumentem a porra do salario de todos os professores, melhorando a educação e os alunos.

Agora o q eu acho ridiculo é professor da UNESP e USP que ganham mais de 15 mil por mes fazer greve. Isso eu acho absurdo.

Tchevergara

Tchevergara
Banido
Banido

Eu li no shout já, e não vou ler o que tá aqui pq to com muita preguiça...

Mas é o seguinte: comparar os salários dos professores universitários com os de escola pública não é o melhor argumento. Esse problema é bem mais antigo, e vêm de uma série de medidas pra desvalorizar mesmo a categoria, infelizmente. Eu concordo que deve se pagar melhor pra quem fica anos se dedicando a algo, mesmo que a pessoa se perca nos seus objetivos depois, pois infelizmente existe muita gente que chega num nivel alto e se acomoda no seu salário; mas concordo com o Jack no sentido de que o professor não é valorizado como se deve, pois é uma das profissões mais estressantes e humilhantes em muitos casos. Eu mesmo vim de escola pública estadual no meu ensino fundamental, e lembro que quse todos meus professores eram realmente humilhados pelos alunos, quando não eram humilhados pelos pais dos mesmos. Todo o modelo de ensino brasileiro, desde o salário dos professores até o descaso e falta de interesse dos governantes em melhorar algo, é um cancer no sistema.

Jack Van Burace

Jack Van Burace
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Bom, eu concordo que melhorar o de todos é o que vale. Mas não como o TOH disse, que a dedicação de um prof. universitário seja muito maior. Discordo disso.

Claro que a pesquisa é o que chama verba, mas hoje em dia as universidades federais são laboratórios públicos onde também se ensina, quando devería ser o contrário. Critico sim a falta de conexão com o mercado, que em parte se deve à pressão da OMS pra que se valorize a pesquisa (coisa que os gringos desfrutam também, enquanto o ensino seria só nosso). A verba do CNPq vem em parte da OMS, então já viu...

O que quís dizer é que o ensino das universidades é bem precário. Se puséssemos um prof. universitário pra dar aula a adolescentes acho que apenas meia-dúzia conseguiria algum sucesso sem mudar sua maneira de dar aulas. Sem didática, sem adaptação à realidade do aluno, sem análise dos conhecimentos prévios e o que acho mais grave: sem conexão com a realidade da profissão, apenas com a vida acadêmica (que é o que conhecem melhor).

Lembro que em algumas disciplinas as aulas não faziam a menor diferença, pois éramos nós que tínhamos que aprender na biblioteca a matéria da aula com antecedência, enquanto os professores apenas comentavam que fizeram esse ou aquele trabalho na Bélgica com aquele assunto, mas sem dizer nada que nos adiantasse ou que fosse o suficiente. Nesse ritmo, sei que mesmo as universidades públicas não ficam mto melhores que cursos à distância, já que quem ensina ao aluno é o próprio livro, e só.

Vocês que ainda não se formaram vão perceber quando estiverem no mercado: a atualização de vcs é mais fácil de correr atrás do que aprender o que quem está no mercado sabe. O que se aprende na faculdade não é metade do que se precisa saber na prática, e a "vantagem" (a atualização) que oferecem só existe entre vcs e os acomodados, que nunca seriam concorrência mesmo.

Ryuusuke

Ryuusuke
Membro da Guarda Real
Stray Dog
Membro da Guarda Real Stray Dog

Ridiculo mesmo são os professores titulares da cadeira, que são profissionais de destaque na área de pesquisa, ai mandam seus estagiarios pra darem aula -_-

Tchevergara

Tchevergara
Banido
Banido

Ryuusuke escreveu:Ridiculo mesmo são os professores titulares da cadeira, que são profissionais de destaque na área de pesquisa, ai mandam seus estagiarios pra darem aula -_-

Nada melhor do que usar o poder adquirido... mas não é assim desde sempre? Um Rei não manda os seus soldados pra guerra, e quando ganha, fica com todos os créditos? POWER meus caros... power....



Última edição por Tchevergara em 1/6/2011, 8:49 am, editado 1 vez(es)

Menos Grande

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Shinigami dos Bolinhos
Shinigami dos Bolinhos

Já disse na Shout e digo aqui denovo.. existem casos e casos, eu tive professores bons na unversidade, e conheci bons pesquisadores, infelizmente essas duas qualidades não andam de mãos dadas e é raro achar um bom pesquisador-professor (o que era esperado padrão), assim o aluno fica meio desolado numa Universidade, provavelmente tudo que aprenderá vai ser de seu esforço puro, e não do esforço do professor (é o contrário no ensino médio-fundamental principalmente em escolas públicas) e também o próprio aluno servirá como "força motriz da Universidade" em muitos casos, já que nós trabalhamos num regime de semi escravidão (até recebermos alguma bolsa de 360 contos) para fazer a pesquisa pelos professores que nos orientaram.. Ainda assim tirar o peso do professor Universitário é rídiculo! Primeiro vamos pensar que o Brasil tem uma quantidade de dinheiro fixa, mesmo que invista a mesma coisa no ensino fundamental e superior, invariavelmente os professores do superior vão receber mais já que existem menos do que professores fundamentais, é como os discursos retardados dos sindicatos públicos "Trabalhamos muito mais que senadores, deputados, etc.. devemos receber mais" Só que só tem 3 Senadores num estado, e milhares de funcionários públicos, logicamente 1 real a mais nos salarios dos professores pesa mais que 60 no dos senadores.. e o Brasil tem uma renda fixa pra gastar, por que se imprimirmos mais dinheiro, ele vale menos logicamente.

Agora vamos voltar a "importância" de um professor universitário, mesmo a Universidade estando sucateada um professor Universitário é esperado que ele leve adiante o tripé da Universidade, é ele e não os alunos ou funcionários que garantem isso "PesquisaXEnsinoX Extensão" claro que a extensão se torna um item questinável, como o próprio Jack falou tem muita pesquisa que não voltará em "nada" pra sociedade, seja por que o pesquisador dividiu seu trabalho em vários (bem comum em biologia, estar estudando um bicho e cria um trabalho pra cada estágio do animal ao invez do ciclo biológico todo), seja por que reciclou algum trabalho já feito em outro lugar mudando algum detalhe, ou o pior (e mais comum, mas nem é culpa do pesquisador ,mas do modo que fazemos pesquisas) fazer um trabalho "já sabendo a resposta" claro que devemos fazer hipoteses nos trabalhos científicos e tentar validar elas ou não, mas algumas pesquisas (principalmente em ecologia) você faz e gasta dinheiro já sabendo o que vai dar.. não que isso não gerem dados importantes.

Ainda assim a Pesquisa e o Ensino são bem presentes da Universidade e elas é que movem o País! Jack pode dar qualquer motivo ai pra a maioria dos professores se enveredarem na pesquisa, o fato é que eles pesquisam e isso vai ser bom pro futuro! E o Jack aponta Bolsas... mas as bolsas vão para os ALUNOS, e para a pesquisa em si, não para o Professor, de fato poucas pesquisas realmente são incorporadas ao seu salário, e de fato dificilmente seu salário aumentará na Universidade a não ser que você aumente seu "nível como professor", ou faça uma patente muito boa... De fato sem os professores você esperava que quem fizesse projetos? Os alunos? Conheço pouquíssimos exemplos de alunos pro-ativos o suficiente para gerirem um projeto inteiro sozinhos, de fato os alunos acabam fazendo grande parte do trabalho braçal, mas o intelectual pelo menos inicial parte sempre do professor.

Importância das Pesquisas, primeiro de tudo Jack, desculpe-me a palavra, mas "quem é você para dizer quão importante são as pesquisas?". Veja não quero dar um tom perjorativo a discussão, mas simplesmente você não pode dar valor as pesquisas, o valor das pesquisas é julgado PELOS PARES ou seja os pesquisadores DA ÁREA vão dizer se seu trabalho é importante ou não, e vão permitir ele ou não! Sabe por que isso? Vamos dizer que EU fosse quem disse-se que trabalho é importante ou não... provavelmente eu iria cortar a verba toda das ciências humanas, cortar grande parte de várias áreas de geografia, geologia, artes, letras , etc... que "para mim são inúteis" você não vê o problema disso? Para minha ótica várias áreas inteiras são inúteis e não mereceriam dinheiro nenhum, já que eu não veria retorno nisso... talvez se um antropólogo, ou um profesor de letras tivesse que julgar as pesquisas biológicas diria "Que já tem trabalho demais com essas moscas ai.."
Ou seja, você ou eu, simplesmente não pode julgar o valor das pesquisas, por que você não é um pesquisador da área, simples assim.

Ai temos outro problema.. você diz que grande parte das pesquisas são "inúteis", mas são inúteis entre aspas.. realmente talvez a maioria dessas pesquisas jamais vai se reverter em algo "útil" ou vá levar dezenas de anos para isso... mas por isso que se separa "Ciências puras(de base)" de "Ciências aplicadas", ciências de base são realmente "desinteressadas" como base, mesmo atualmente o governo e órgãos financeiros pedirem "Justificativas pra nossos projetos", mas essa não é a natureza das ciências de base, nós criamos dados e teorias, e projetos para que algum dia isso vire algo utilizável ou não, que simplesmente nos diga "a verdade", você diria que o trabalho de Mendel foi "inútil"? Que o trabalho de Darwin foi "inútil" ? Por que assim que foram feitos eles não tinham nenhuma aplicação maior, a não ser talvez curiosidades, ou quebrar os laços da ciência e igreja, mas a vida das pessoas até os trabalhos de Lamark tão voltando com a Epigenética!mudou alguma coisa conhecendo "fatores/genes" ou "evolução" ? Não e também mesmo os pesquisadores levaram vários anos para aceitarem essas teorias, mas hoje essas duas coisas são as bases da biologia, e várias coisas sairam desses dois conhecimentos, inclusive coisas úteis pra população geral. Não existe jeito melhor de criar conhecimento "real" do que ser "desinteressado" por que interesse também é um viés...

Se só tivessemos técnicos, e cientistas aplicados, viveriamos para sempre reféns de outros países e teriamos que depender deles, e com certeza não teriamos patentes, e nunca reverteriamos a situação atual de dependencia que o Brasil se encontra, para reverter isso temos que produzir ciência, e não vai ser hoje que diremos que a pesquisa foi inútil ou não, e sim os pesquisadores do futuro que usaram ou não nossos dados.

Você fala do salário dos professores, mas na UFS (universidade que vim) Doutores recebem 7000, mesmo o Reitor recebe 10000, ou seja um "mero professor" não vai ter esperança de aumentar muito mais que essa base, se nem o Reitor está "muito longe disso".

Jack Van Burace

Jack Van Burace
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Bom, vou responder o mais sucintamente o possível pra não criar uma discussão infinita sem que ninguém tenha saco de ler.

Infelizmente não achei denovo, mas lembro de uma estatística no passado que mostrava que a proporção aluno-professor na UFRJ era de 3 alunos por professor ou algo assim. Ou seja, 1/4 das pessoas que passavam pelo campus seriam professores da faculdade, uma proporção absurda pra qualquer instituição de ensino. Embora eu precisaría achar a fonte dessa informação pra dizer com precisão.

Não cabe o argumento de que profissões com menos cargos podem ou devem ganhar mais. Num escritório de advocacia/publicidade/etc. muitas vezes basta um número pequeno de secretárias (apenas para os gerentes) em relação ao número de publicitários/advogados/etc., porém estas não ganham mais por isso. O mesmo pra faxineiras, que podem vir apenas 3 dias por semana ao escritório e dar conta sozinhas de toda a limpeza, dependendo do tamanho.

Portanto, ainda é sim ridículo um senador ganhar bem só porque são apenas 3! O único motivo para o legislativo ganhar como ganha é o fato de votarem o próprio salário, meu caro, e basta conviver com o mundo empresarial por uns tempos que vai entender o porque da revolta. Não é "papo de sindicato".

Agora, certamente é necessário que existam professores universitários. Mas que se entenda meu argumento: não do jeito que estão. Pois professores que não fazem a diferença, como vc mesmo concordou que existem, poderíam ser substituídos por ensino à distância sem problemas. Minha bronca é exatamente por causa da falta que fazem os profissionais antenados com o mercado na nossa formação.

As bolsas do CNPq não são apenas para os alunos, mas para os pesquisadores tb. Claro que as de pesquisa são renda para os alunos, mas tb rendem um pouco aos pesquisadores, e trazem consigo um aluno-escravo (xD) junto pra fazer parte do seu trabalho por você. Mas boa parte da renda final de um professor (que não é apenas a do link que postei) vem das bolsas que recebe por produção. Pode ser que na sua faculdade não sejam tantos, mas a maioria dos professores que tive ganhavam bem mais na pesquisa do que de salário.

ENTÃO QUER DIZER, eles ganham 6800 não pra pesquisa, pois a pesquisa os remunera por sí só, e bem mais que o salário inicial, mas apenas pra darem aulas, que deixam de lado pra trabalhar na pesquisa... é como se eu ganhasse pra consertar carros, mas desse um jeito de entregar mais ou menos pro cliente e corresse pra vender seguro de automóvel no meio do próprio horário de trabalho.




Sobre a importância das pesquisas, como eu tb disse, sem pesquisas estaríamos na Idade da Pedra. Porém, é importante pensar no que é prioridade. Será que o Brasil tem condições de investir tanto em coisas que podem não dar em nada, quando o essencial está faltando? Será que essa balança não está desequilibrada?

E outra: se tudo fosse apenas julgavel pelos pares, certamente não tinha tanto doutor se metendo a dar opinião na tv, pq seja o que fôr, eles só têm cacife pra falar de pesquisa, e na sua área. E além disso, cada um julgaría seu próprio salário, o que não tem cabimento se pensar bem. Não são os pesquisadores e nem os políticos quem deve decidir quanto recebem, como você sugeríu. A verba pras pesquisas deve ir pra quem contribui de fato com a sociedade, e proporcionalmente à contribuição, ou a pesquisa é insustentável (joga dinheiro pelo ralo). Só depois das necessidades básicas pode a pesquisa "sem finalidade" receber atenção. É o bom senso, que existiu mesmo com Darwin e Mendell, âmbos ricos (um era burguês e o outro clérigo), e com tempo e dinheiro próprio pra fazerem o que quiséssem.

A regra do salário é que você recebe de acordo com o valor que atribuem ao seu trabalho, mas não vejo a maioria das pesquisas convencendo a indústria, o comércio ou os pagadores de impostos em geral, de que aquele dinheiro está mais bem empregado que em outros lugares. É obrigação nossa, como professores, convencer os outros que merecemos ganhar melhor, e não discordo disso. Nem discordo que seja preciso cobrar da educação resultados. O que acho errado é a falta de nexo no discurso geral quanto a esse assunto, e por isso é que eu posto o que posto.

E completando: o motivo dos professores largarem o ensino e enveredarem na pesquisa é PORQUE DÁ MAIS DINHEIRO, Menos! Esse papo arco-íris de que eles se sacrificam pelo bem da humanidade sem ganhos extras é a maior balela. Ignoram sua função principal que é a de dar 10 aulas por 6800 reais (!), e usam seu tempo de trabalho pra ganhar com pesquisa (de interesse próprio) em cima dos nossos impostos.

Nem acho que ganhem pouco pela tarefa que lhes cabe, apenas que não levam a sério a tarefa, e que a desvalorização dos outros professores não se explica. Não tenho nada contra os pesquisadores concursados da Fiocruz, por exemplo, pois nunca foram contratados pra dar aula mesmo.

Juliette's Logic

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Nível de Octava Espada
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Jack, só pra esclarecer, o salário base de professores mestres na UFMA é 4500, quando na categoria Adjunto. Minha mãe só ganha mais um bônus de 800 reais por que é coordenadora de curso, que ainda é pouco pelas horas que ela precisa passar a mais na coordenação. D:

O que o Clamp falou lá em cima é o que eu penso: os professores em geral ganham pouco. E sim, eu concordo que os professores de fundamental deveriam receber o mesmo que os universitários. Só não concordo com a parte que você dá valor às pesquisas, por que, como o Menos mesmo disse, é algo muito mais complexo do que parece. Os professores daqui, em geral, não usam o tempo de aula pra pesquisa; eles geralmente precisam passar turnos a mais pra poderem acompanhar o andamento dos projetos.

Jack Van Burace

Jack Van Burace
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Bom Clarisse, o link que eu postei deixa claro as designações: Adjunto 1 com dedicação exclusiva é 6800, com 20 horas é 4500. Porém permanecem com 1/3 das horas para planejamento e no resto do tempo dividido entre aula/pesquisa/extensão, sendo apenas uma pequena parte exigida na forma de aula por obrigação.

Já sobre a pesquisa, não precisa me explicar sobre a complexidade: eu trabalhei na Geoquímica da UFF, onde a pós-graduação tem grau 6 (dentre 7, e onde 5 já é considerado abrangência internacional). Sei bem o que é a rotina de um laboratório de ponta, para o qual diversos europeus vinham estagiar. Digo isso porque às vezes parece que vc e o Menos me imaginam um noob por dizer o que digo. Minha pesquisa foi direto pra tese de doutorado do meu co-orientador sem tirar nem pôr, num laboratório de alto-desempenho. Eu sou bom pesquisador, só preferí outra área. A polêmica da educação no Brasil 613650

Realmente eu acho que pesquisas sem expectativa de aplicação não deveríam receber tanta atenção, assim como a exigência de número de publicações estraga tudo. E não me convence o papo de que "estão fazendo um bem para a humanidade" ao se empenharem tanto na pesquisa. Ao formar bons profissionais eles estaríam multiplicando seu conhecimento e obtendo resultados para o país muito mais do que se focando em suas pesquisas de base. A educação é muito mais um investimento no futuro do que a pesquisa, pois através dela é que se cresce o número de trabalhadores de qualidade em todas as áreas, inclusive mais pesquisadores (ou seja, não sairíam perdendo). E pesquisa sem ser passada adiante não serve pra nada.

Quando a pesquisa realmente estiver gerando mudanças no bem estar do brasileiro, aí sim ela vai ter serventia. Isso me foi dito a primeira vez pela Magnífica Diretora do curso de Ciências Biológicas da UFF, minha amiga Ana Lúcia, e é a pura realidade. Essas visões romantizadas da pesquisa que vcs repetem são ilusões que os acadêmicos sempre tentam empurrar (e conseguem) nos universitários. Pode confiar no que digo.

Mas por enquanto fico feliz que as pessoas concordem que a divergência na remuneração não faz sentido. Está de MUITO bom tamanho chegar nesse ponto da discussão com algum grupo de pessoas hoje em dia. ^^ Quem sabe aos poucos a sociedade chega à mesma conclusão com o tempo e as coisas melhorem?

Juliette's Logic

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Nível de Octava Espada
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Jack Van Burace escreveu:Bom Clarisse, o link que eu postei deixa claro as designações: Adjunto 1 com dedicação exclusiva é 6800, com 20 horas é 4500. Porém permanecem com 1/3 das horas para planejamento e no resto do tempo dividido entre aula/pesquisa/extensão, sendo apenas uma pequena parte exigida na forma de aula por obrigação.

Ela é adjunta e dedicação exclusiva. D: Acho que esse salário a que você se refere realmente só vale praí, por que no MA a história é outra.

E Jack, eu tenho consciência que eles tentam implantar em nós uma visão romantizada das pesquisas a fim que continuemos produzindo para eles e transformemos o que era pra ser de bem público numa máquina de artigos, assim como eu sei que parece que nós estamos chamando você de n00b ao dizermos que a coisa é mais complexa. Mas eu não acho que a gente tenha que dar mais valor pra pesquisa que pra educação, assim como não acho que temos que nos focar só em educação e achar que a pesquisa virá junto disso (ela virá, mas não dá pra sentar e esperar). As duas coisas deveriam estar sendo desenvolvidas juntas.

O que se nota é a educação sendo abandonada e a pesquisa ficando robotizada, mecânica. Nos resumimos basicamente a coleta-laboratório-dados e nos esquecemos do valor teórico que aquilo deveria estar desenvolvendo. Infelizmente, a maioria das nossas pesquisas geralmente é baseada em "ainda não foi feito nada sobre isso" do que em "acho que isso ajudaria a população a se conscientizar sobre tais doenças". Quer dizer, nós temos o trabalho de extensão em comunidades próximas a SLZ, mas ele ainda é bem fraco.


off: Ah Jack, eu vou me candidatar ao PIBId; se eu passar, vai dar pra eu ter uma dimensão melhor do que você fala da educação pública fundamental.

Menos Grande

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Shinigami dos Bolinhos
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Jack vou tentar ser curto.. Primeiro você fala dos professores que só dão aula como se fosse regra por que "o sistema permite", não sei se é assim de onde você veio, mas isso não é uma regra nas universidades que passei não, conheço pouquissimos professores (normalmente velhos e quase aposentados) que estariam nessa categoria que você diria de deixar a "pesquisa pra lá". Bolsas não vão pro professor vão pra os alunos e para a pesquisa, então o professor faz pesquisa no mais egoísta possível pra melhorar seu curriculo e não seu salário em si.

Segundo você diz que fez provas contra pessoas com doutorado/mestrado e perdeu apenas pelo títulos deles.. o sistema não tem como julgar "experiência prática de todos os professores a serem contratados" então eles levam em conta os títulos afinal um título desses siginifica que a pessoa deve tar a uns 8 anos na academia, e espera-se que essa pessoa tenha uma "experiência minima" isso é o que seu título lhe garantirá, já você dizer que tem ou não é apenas sua palavra entende a problemática? Se você fez essas provas e foi desclassificado pela qualificação, logicamente quer dizer que você se interessou por essa área.. então vai uma idéia por que você não faz mestrado e doutorado? A bolsa de mestre e doutor é bem próximo do seu salário atual e quando você se formar poderá exigir também um salário maior depois.

Jack... esse é outro problema, você e eu simplesmente não temos, nem deveriamos ter autoridade para dizer qual pesquisa é importante e isso graças a DEUS! Pela sua idéia, basicamente cortariamos a pesquisa da Biologia por INTEIRO! Já que grande parte da biologia é desconexa diretamente do "homem" e dos "Interesses humanos" por que nós estudamos A VIDA TODA, e o homem é só uma espécie no meio de bilhões.... ficariamos com engenharias florestais, agronomia, etc e perderiamos a base, diminuindo a produção de novas coisas no futuro.
Ai depois "pensando desse modo" por que não também acabar com artes, letras, geologia? Investir em artes vai criar alguma coisa "real" que vai servir para ajudar a melhorar a vida humana objetivamente? Letras é um conhecimento inventado por regras arbitrárias... para que "jogar" mais dinheiro nisso ai? Jack.... se sua idéia fosse adiante, e o mundo seguisse isso acabariamos sem conhecimentos novos nenhum! Por isso que os investimentos nessas áreas tem que ser julgados por pesquisadores dessa área, e ninguém mais.
Espero que ninguém em poder de "Mudar as coisas" comece a pensar assim Jack, senão estaremos fudidos, reflita no que você está propondo!

Jack Van Burace

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Superchuncky de posts
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Ok, acho que tem algo muito errado na comunicação. Até onde eu sei, o salário de instituições federais de todo o Brasil é igual, e só os estaduais têm o direito de mudar de lugar pra lugar. Esta publicação de 2007 deve esclarecer:

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Segundo, Menos, vc também está errado. Existe uma gratificação por produção do CNPq que adiciona ao salário dos professores universitários uma quantia maior que o próprio vencimento deles. Alguns com mais anos de profissão abandonam isso por não achar que vale a pena a publicação de 3 artigos por ano (com triênios e quinquênios ela pode não pesar tanto), mas é fato que os que publicam mais têm sim adicional ao salário deles. Se te disseram o contrário mentiram pra vc.

Esta é a lista de 2003, muito defasada em termos dos valores de hoje em dia:
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]

E esse um artigo sobre isso: link

Tenho um primo professor da Federal de Viçosa, e dois amigos professores da UFMG. Sem contar os conhecidos dentro da UFF onde me formei. Acho que vocês dois estão equivocados, ou nesse ano que passou (não tive muito contato com eles) as coisas mudaram muito (acho difícil).



Sobre o financiamento das pesquisas, vou te contar como é no laboratório do Sérgio Lourenço, referência internacional, onde já fui estagiário de aquicultura e ficologia, e vc vai entender.
Ao decidir o tema da próxima pesquisa, ele checa a literatura apontando uma tendência por exemplo, no aproveitamento da dieta de um grupo de bivalves cuja importância econômica causa grande impacto numa determinada região. O cultivo desses animais preservaría as espécies naturais dele, que se tornam mais ameaçadas a cada dia por conta da caça predatória de um grupo de pescadores locais que só têm isso como sustento. Ele então propõe uma provável dieta baseada nas espécies com parentesco próximo e características similares a ser testada para viabilizar o cultivo humano desses animais, e pede pesquisa para testar isso.
Pronto!

Viu como é diferente? Viu como tem relevância? Isso é só um exemplo dentre um monte que eu podería citar aqui.

E sobre a experiência de trabalho, isso conta em concursos sim, mas só em alguns, e os valores dos títulos frequentemente são maiores do que a de 10 anos de experiência. Mas só citei isso pra demonstrar com propriedade que nem sempre mais títulos equivale a mais competência/conhecimento. A polêmica da educação no Brasil 613650


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