Achei uma série bem interessante é sobre uma "utopia" (distopia?) o MarAlto/Lado de lá, só que a gente só vê o rejeito da sociedade "o lado de cá". A princípio foi uma idéia muito boa, a maioria das distopias que conheço começam falando da sociedade perfeita e de como ela funciona bem, até introduzir temas que causam estranhamento para o leitor e finalmente descobrimos o PREÇO REAL que é intragável.
Ou o soylent green é feito de gente, ou a sociedade é controlada por assassinos, ou a sociedade é dividida em castas alteradas geneticamente, ou os pensadores livres são exilados para ilhas. O que não muda é que geralmente o autor quer lhe vender a utopia primeiro, para depois descobrirmos a "verdade", e as regras que mantém todo o sistema funcionando.
Só que 3% é o contrário, a gente começa pelo lado dos fodidos e tudo que a gente sabe sobre o "lado de lá" é lenda ou propaganda do povo de lá, tudo que a gente sabe é que aos 20 anos jovens do lado de cá podem fazer um vestibular a lá jogos vorazes para viraram cidadões do MarAlto, e só 3% deles conseguem passar.
Desde o começo a coisa parece muito torta porque os testes são de "soma zero" e muitas coisas que são testadas acabam sendo "sorte", filha da putisse e um pouco de habilidade (eles não querem gente burra lá, ou que pensem só dentro da caixinha).
O problema desse exame super estressante é que ele acaba selecionado pessoas determinadas a fazer as piores barbáries, e mesmo na utopia do lado de lá que todo mundo é feliz (e dinheiro não existe) aparentemente as pressões e conluios políticos continuam fortes, o que deixa difícil para a gente acreditar que em 104 anos ocorreu o primeiro assassinato e em 100 anos teve apenas 1 suicídio.
É diferente de sistemas de controle como no Psycho-pass/Admirável mundo novo/Shinsekai Yori em que o "estado" tenta entreter a população e torná-la feliz para que eles fiquem domesticados e não tentem derrubar o sistema. em 3% todo mundo parece estar pronto para derrubar o outro, imagina o governo. Só na segunda temporada vamos descobrir como realmente funciona o MarAlto, mas pelo que apareceu acho difícil ser uma sociedade pacífica como eles estão vendendo.
O plot twist final é muito bom, o maior furo da meritocracia é justamente a "hereditariedade" do mérito, durante toda a série o povo do mar alto se considera melhor que o povo de cá, e desumanizam os favelados, de uma maneira que parecem ser mauricinhos que nunca ralaram na vida por nascerem no lado de lá
- Ai a gente descobre:
que a vacina de todos os males que todo mundo do MarAlto recebe na verdade é um método de impedir que as pessoas tenham filhos. Quem perde no exame é encorajado a ter filhos para esquecer do trauma do exame e que seus filhos passem pelo "processo", porque as pessoas do MarAlto não tem filhos e precisam selecionar os 3% do lado favelado para renovar a população. Então realmente todos os velhinhos metidos também passaram por esse exame sacana e viveram na merda "legitimando" o processo
Sobre os personagens principais achei na maioria bons ou pelo menos médios, só a AGATHA que ficou com uma das vagas do time até quase o final sem fazer PORRA NENHUMA foi uma tristeza, se não queriam desenvolver a personagem seria melhor terem desqualificado ela na moeda. Joana... é uma personagem meio que pra todo lado, ela só se convence a passar no processo nos testes finais, ela joga o processo todo de uma maneira blasé (apesar de ser bem inteligente), o que me leva a estranhar quando ela em alguns momentos faz outros concorrentes perderem e passa a perna neles se ela só queria uma identidade nova e não passar no exame. Ezequiel foi um bom vilão gosto do ator em outros papéis, me lembro nele no ESTÔMAGO meu filme brasileiro favorito.