Estudo associa poluição do ar ao aumento no número de nascimentos de meninas em São Paulo
A poluição tem influência sobre a determinação do sexo dos bebês. Uma pesquisa concluiu que, por causa da má qualidade do ar, estão nascendo mais meninas do que meninos na cidade de São Paulo. A descoberta, inédita, é do Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP em conjunto com a disciplina de urologia do Hospital das Clínicas e a Universidade São Marcos. O estudo foi publicado na semana passada na conceituada revista científica "Nature".
"O gameta que leva o cromossomo Y é mais frágil. Em outras palavras, uma pessoa exposta à poluição vai ter uma porcentagem menor de cromossomos que geram um homem", explica Paulo Saldiva, diretor do Laboratório de Poluição da Faculdade de Medicina da Usp. "Isso ocorre devido a alterações no DNA daquele cromossomo: ele morre dentro do testículo, antes de ser liberado para ejaculação."
Ainda não se sabe por que o cromossomo Y, que determina o sexo masculino, é mais sensível à poluição. A única certeza é que essa característica é comum a todos os homens.
"Não existe novidade no fato de que em lugares com muita poluição nascem menos meninos, mas sempre se pensou que isso se dava em nível ocupacional, ou seja, com pessoas sujeitas a níveis de poluição maiores, como aplicadores de pesticidas ou trabalhadores de indústrias siderúrgicas", acrescenta Saldino.
O estudo foi realizado entre 2001 e 2003 a partir dos dados coletados por nove estações de medição de poluentes na cidade de São Paulo. Os pesquisadores cruzaram essas informações com os registros de nascimentos em cada área analisada e depois confirmaram os resultados com experiências em ratos.
"Nesse período analisado de dois anos percebemos que existe uma diferença de 1% de nascimentos masculinos a menos na região mais poluída, quando comparamos com as regiões menos poluídas. Esse 1% represente em torno de 1180 nascimentos masculinos a menos nas regiões com maior poluição", analisa a bióloga Ana Julia Lichtenfels, do Laboratório de Poluição.
e viva a poluição